Capital pernambucana produz cerca de 2 mil toneladas de lixo diariamente.
Problema não é só quantidade, mas também subaproveitamento do resíduo.
diariamente no Recife. (Foto: Luna Markman/G1)
Não é só o recifense que produz a sujeira. Muita gente trabalha na capital e dorme em outra cidade, deixando aquele copo de suco, papel do bombom, folheto de propaganda no chão. Ainda por cima, o lixo é mal aproveitado. O último levantamento da Emlurb aponta que só 0,17% dos resíduos sólidos coletados são reciclados.
ao dia. (Foto: Luna Markman/G1 PE)
lixo do Rio Cabibaribe. (Foto: Luna Markman/G1 PE)
Setembro, uma das mais sujas da cidade
(Foto: Luna Markman/G1 PE)
VandalismoHá duas mil lixeiras em todo o Recife. E é também no centro da cidade onde está a maior concentração delas, pois é lá que estão o coração do comércio e a maior circulação de pessoas. Locais de preservação histórica e apelo turístico também têm sua cota de lixeiras. Além de muita gente ser indiferente a elas, ainda há vândalos que destroem o patrimônio público. A Emlurb informa que, em média, 70 são quebradas por mês. Cada uma custa cerca de R$ 110. Os alvos preferencias dos mal educados ficam nas avenidas Conde da Boa Vista e Caxangá.
DestinoSegundo a Emlurb, 100% do município está coberto com a coleta de lixo. Ao todo, são 90 caminhões operando. Em alguns lugares, o veículo passa diariamente. Em outros, três dias por semana. Nos locais em que ele não entra, a coleta é manual. O gari recolhe e deposita os resíduos dentro de um saco plástico, colocando-os em pontos estratégicos para o caminhão apanhar. Só a coleta e transporte custam, por mês, cerca de R$ 70 mil aos cofres públicos.
Recife era encaminhado ao lixão da Muribeca
(Foto: Reprodução/ TV Globo)
Coleta seletiva
Hoje, o programa de coleta seletiva da Prefeitura do Recife opera em três frentes. O primeiro é o Ponto de Entrega Voluntário (PEVs), que conta com 80 contêineres distribuídos em espaços públicos. São aqueles latões coloridos, onde o cidadão deposita plástico, vidro, metal e papel. “A proposta nasceu em 1993 e foi ampliada em 2001. De lá para cá, aumentou o número de PEVs porque a população têm participado. Infelizmente, ainda há muita depredação. Hoje, os que mais participam são moradores da Beira Rio e Jardim São Paulo. Pode observar que não é uma questão de classe social, mas de consciência ambiental”, disse a articuladora social da Gerência de Coleta Seletiva da Emlurb, Sandra Magnata.
na cooperativa. (Foto: Luna Markman/G1 PE)
Um deles é a Esperança Viva, que fica próximo à estação central do Metrô do Recife. Eles separam e revendem o produto. Também “puxam carroça” na rua, catando papelão, papel branco e plástico - os três materiais mais encontrados. A labuta é das 7h às 21h. Cada um ganha um salário mínimo. “Mesmo legalizados, ainda sofremos para conseguir vender as coisas, não temos equipamento de proteção. Também sentimos preconceito das pessoas, que pensam que a gente é ladrão”, falou a presidente da cooperativa, Dinalva Lima, 62 anos.
(Foto: Luna Markman/G1 PE)
Para eles, o “presente” deixado pelos cidadãos vale ouro. Mas não pensem que eles querem a cidade suja. Ao contrário, são incentivadores da separação do lixo, o que facilitaria o trabalho deles. São poucos os recifenses que, por livre e espontânea vontade, têm essa iniciativa. Há cinco anos, moradores de um prédio na Boa Vista decidiram fazer a coleta seletiva. Entraram em contato com a prefeitura, receberam orientação e compraram alguns tonéis para separar o lixo seco do orgânico. Uma vez por semana, um carroceiro credenciado recolhe o material. “Além de ajudar financeiramente os carroceiros, ainda contribuímos com a sustentabilidade do planeta”, disse a médica Nélia Lima. "É uma ação simples, nem dá trabalho, só faz ajudar”, disse a empregada doméstica Lêda Alves.
Esse, sim, é o verdadeiro presente que o Recife precisa receber: cidadãos conscientes e cooperativos. “Hoje, há poucas lixeiras na cidade para o tamanho da população. A coleta seletiva ainda é insuficiente. E pessoas mal educadas geram custos e transtornos. Mas, acho que, aos poucos, a situação está melhorando. A prefeitura precisa investir mais em educação ambiental. Desde trabalhos em escolas a propaganda nas grandes mídias. A gente não compra coisas que vê na televisão? Por que não comprar essa ideia também?”, opinou a professora Karine Magalhães, que já está fazendo a parte dela com a criação do programa Recicla Rural. A ideia é reciclar os resíduos gerados pela universidade.
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