Descobertas dos profissionais podem levar anos até serem reconhecidas
pesquisa de campo (Foto: Divulgação)
Mas, como saber que uma espécie é realmente nova? O taxonomista explica o passo a passo do processo. “A descoberta tem que ser publicada em uma revista científica especializada. Só assim ela é reconhecida. Por exemplo, a espécie que eu descobri já tinha sido coletada, mas o estudo ainda não tinha sido publicado. Primeiro coletamos a planta, cortamos, secamos e mandamos uma duplicata para cada coleção no Brasil e no exterior. É importante que a amostra tenha flores e frutos, aí fica provado que não é estéril e é mais fácil de diferenciar de outras espécies. Depois começamos a fazer o estudo nas coleções. É um trabalho demorado, que pode levar meses e até anos”, ressalta Terra.
Até se formar como taxonomista, pesquisadores como Mario Terra estudam por aproximadamente 12 anos, entre graduação, mestrado e doutorado. “É preciso desenvolver a habilidade de diferenciar as espécies, e isso demora. Ao longo do caminho, muita gente desiste. Um bolsista de doutorado ganha cerca de R$ 1.800. Já um de mestrado ganha R$ 1.100. É muito pouco para pagar as despesas. Mesmo assim, o Brasil é um dos mais países que mais investe nesse tipo de formação. Um profissional diplomado, trabalhando para uma instituição federal, ganha em média R$ 7.000. O mais difícil é encontrar profissionais que trabalhem com determinados grupos. Não existem taxonomistas suficientes no mercado, tendo em vista a diversidade de espécies que temos no país. No Inpa só temos quatro profissionais”, revela o especialista.
De acordo com o taxonomista, o Brasil possui hoje ótimas coleções, como a do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e a do próprio INPA, que tem 240 mil plantas catalogadas em seu herbário. “Não é barato manter uma coleção. Elas precisam ficar bem acondicionadas, em salas especiais. Existe muito material brasileiro em coleções estrangeiras, pois muitos pesquisadores vinham aqui e levavam amostras. O Jardim Botânico do Missouri, nos Estados Unidos, tem uma grande coleção da Amazônia, por exemplo”, completa.
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