quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

JARDIM DE PIRANHAS: A FÚRIA DA INSENSATEZ NO SUPLÍCIO DE INOCENTES LEIOES.




Jair Eloi de Souza*
Deus fez o homem dotado de inúmeras aptidões, para sobreviver por via das sucessivas gerações aqui na terra. Bem mais que os outros seres que nascem, vivem e morrem. Ao homem o criador deu-lhe a inteligência, a liberdade, a capacidade de viver em núcleos sociais. O ser humano elege, exclui, interpreta, separa, aperfeiçoa, ama, odeia, resgata, abandona. E ainda, franqueou a este ser pensante, a ferramenta da razão. Eis a maior diferença entre este e os outros viventes. Estes não alcançaram o estágio da razão, da interpretação razoável, agem quase sempre pelo instinto, não sabem o que é prudência ou respeito. Vejam o caso do Guepardo das savanas africanas, usa a velocidade nos limites de alcançar a gazela que terminara de parir o seu filhote na planície. Não assiste ao predador saber que sua presa vive a hora mais sagrada para uma mãe, afagar o seu rebento. Dessas premissas tiramos a seguinte conclusão: O homem quando pratica uma ação passiva de censura, de condenação, ele o faz sabendo que esta errado, até se auto-flagela depois de consumá-la, mas assume o cênico do egoísmo, da insensatez, da autoria da destruição, mesmo contra aqueles que habitam o seio da mãe natureza..
Os viventes que precisam da ajuda do homem para sobreviver, não imaginam que sem qualquer motivação, podem ser vítimas do suplício. Pois, meu caro jardinense, há uma diferença entre abater um leitão, pelas regras costumeiras, para consumir sua carne. Isso é permitido, pois, trata-se de uma vocação generosa que é alimentar-se ou alimentar alguém que está com fome. O reverso da medalha é supliciar, maltratar um animal, torturá-lo, queimá-lo vivo, de forma sorrateira, sutil, sem nenhuma destinação, a não ser dar uma demonstração de razia ao seu semelhante, o homem pensante, por qualquer entrevero pré-existente.
     Na sociedade organizada, a agressão aos que vivem nos descampados do tempo, não deixa de ser uma ação passiva de censura, de apuração pela corte competente. Mesmo que essa ação seja uma forma de chamar a atenção dos poderes constituídos. Ante uma possível   ausência, vacância, letargia, no disciplinamento de situação que também está ofertando desconforto ao ser humano e a sua própria família. Se havia uma motivação de ordem ambiental, atentando contra a saúde da coletividade, a inteligência humana era a melhor ferramenta para dar uma solução. Para tanto é que o povo dispõe de seu governante após escolher em eleições democráticas, tem sua defensoria pública, porque paga impostos ao Estado para ter os seus direitos preservados. No caso em comento, especialmente o suplício de porcos queimados na penumbra da madrugada, gera uma tipicidade, que não pode e não deve deixar de merecer a sua devida apuração, pelos órgãos competentes.
A lua cheia que abraça o pêndulo natalino nesta noite/madrugada, lacrimeja em banzo pela morte de inocentes e tristeza pelos que os alimentavam todas as manhãs.
* É Professor de Direito da UFRN.

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