quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Espécie invasora, peixe-leão está próxima do Brasil

Cores vivas, listras, exuberância nas nadadeiras fizeram do peixe-leão um troféu entre donos de aquários, antes de se tornar o terror do Atlântico. Foto: Brian Snelson

Entre os peixinhos exuberantess que vivem nos recifes, o peixe-leão vermelho (Pterois volitans) é um destaque com suas nadadeiras laterais e dorsais, listradas e coloridas. Nos anos 90 era uma atração, quase um troféu, entre aquaristas ocidentais. Grandes aquários abertos ao público exibiam esse personagem marinho deslumbrante.

Depois de um acidente, o lionfish (como também é conhecido) ganhou águas norte-americana. Deixou de ser uma beleza controlada para se tornar uma ameaça declarada. Foi logo classificado como espécie invasora, inimiga do equilíbrio ecológico pelo apetite voraz e por não ter predadores naturais.

A espécie invadiu o litoral leste dos Estados Unidos, desceu pela América Central, chegou à Amércia do Sul e se aproxima do Brasil. Está na Venezuela e cada vez mais próximo. Em linha reta, 1.500 quilômetros separam a última avistagem de peixe-leão da Foz do Oiapoque, nosso extremo norte.

Não é conversa de pescador

O risco do peixe-leão foi tema de workshop internacional, está na pauta de revistas especializadas e nos tópicos de encontro de especialistas, como o ICRI (Internacional Coral Reef Initiative, a Iniciativa Internacional pelos Recifes de Corais). É assunto que freqüenta e-mails e lista de discussões de pesquisadores norte-americanos, caribenhos e, agora, brasileiros.

Professor da University of California Santa Cruz e curador de peixes da California Academy of Sciences em Sao Francisco, o biólogo Luiz Rocha afirma que o peixe-leão é uma espécie invasora particularmente ruim por causa de sua eficiência como predador. “O peixe-leão adota uma estratégia ‘de emboscada’, fica num canto camuflado e quando um peixe pequeno passa perto ele abocanha”.

Em sua área de ocorrência original (no encontro dos oceanos Índico e Pacífico), as presas do peixe-leão conhecem o modelo de ataque e sabem como evitá-lo. “Isso não ocorre no Caribe”, explica Luiz Rocha. A invasão do peixe-leão no Golfo do México e no Caribe teve seus efeitos apontados em estudos recentes, que revelam a diminuição significativa de peixes pequenos, onde o peixe-leão chegou. “Pelas características da espécie, podemos dizer que é inevitável sua chegada ao Brasil, mais cedo ou mais tarde”, supõe o pesquisador.

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