quarta-feira, 7 de março de 2012

ESTAÇÃO ECOLÓGICA RECEBERÁ PESQUISADORES DA UFRN APARTIR DE MARÇO

Divulgado em: 23/02/2012
Uma das poucas áreas de caatinga, um ecossistema único no mundo, preservadas na região Nordeste, está neste Município, localizado na região dos Inhamuns. A Estação Ecológica de Aiuaba ocupa uma área de 11.525 hectares. Reúne várias espécies da fauna e da flora do sertão cearense. Há exemplares vegetais como aroeira, imburana, angico, umbuzeiro, pau-d´arco, peroba, catingueira, juazeiro e várias espécies de cactos.

Em meio à mata, diversas aves silvestres (asa branca, cancão, pintassilgo, cabeça vermelha, vivi verdadeiro, zabelê, canários da terra, papagaios, beija-flor, bem-te-vi, pica-pau corijó, casaca de couro, sofreu, papagaios) sobrevivem e embelezam o lugar com seus cantos e cores variadas.

O objetivo da unidade é a preservação da fauna e da flora e a criação de um espaço adequado de pesquisas sobre a caatinga e a vida dos animais. Entretanto, faltam técnicos, biólogos e agrônomos, para a realização de estudos permanentes sobre o comportamento das aves e o desenvolvimento das plantas nos períodos de estiagem e de chuvas. “É necessário que tivéssemos técnicos nos quadros para dar suporte de assistência, orientação e realização de estudo acompanhado”, reconhece o chefe da Estação Ecológica, Manuel Cipriano de Alencar. “Os órgãos que cuidam do meio ambientem dispõem de poucos recursos e verba”, admite.

Implantada em 1980, pelo então Ministério do Interior, a Estação Ecológica de Aiuaba somente foi criada em 2001. Hoje é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente.

Como proteger unidades de conservação sem número suficiente de vigilantes e de técnicos, além da falta de cerca em toda a unidade?

O isolamento, o subdesenvolvimento do Município e a dificuldade de acesso contribuíram para a preservação natural da caatinga na região até a criação da Estação. A área se manteve praticamente intacta. Uma das preocupações dos administradores é evitar a entrada de caçadores e focos de queimadas no entorno da Estação.

O período de setembro a janeiro é o mais crítico. É quando ocorrem queimadas para o preparo das áreas de plantio.

Nos últimos três anos, os focos de queimadas vêm reduzindo. Em 2009, foram registrados 250; em 2010, caiu para 150 e em 2011, foram apenas 45. “Isso é resultado de campanhas que realizamos nas escolas, nas comunidades rurais, conscientizando os produtores”, comemorou Manoel Alencar.

Mais de 80 ex-brigadistas contratados pela Estação são multiplicadores e defensores da natureza. O controle da unidade, entretanto, é precário.

Historicamente a Estação Ecológica de Aiuaba era pombal de reprodução de avoantes, aves de arribação. Desde 2010, houve uma fuga desses pássaros em direção ao Município de Tauá. “Iniciam a postura, mas não reproduzem, levantam voo”, disse Manoel Alencar. “Não sabemos explicar o porquê e aparentemente não há fato novo”.

A falta de biólogo dificulta uma explicação técnica para a mudança de hábito das avoantes. “Havia dois biólogos, mas antes de completar um ano de trabalho conseguiram transferência para Fortaleza”, lamentou Alencar. A falta de uma pesquisa direta e continuada com seleção de aves identificadas por anéis, anilhas, resulta na falta de informações sobre o comportamento, reprodução e de hábitos alimentares dos pássaros.

Pesquisadores

A partir de março, essa realidade pode mudar. A Estação vai receber quatro equipes de pesquisadores da fauna e da flora da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade Regional do Cariri (URCA), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), com bolsas de graduação, mestrado e doutorado do CNPQ e do ICMBio para um período de dois a cinco anos de pesquisa. “Esperamos que esses estudos deixem resultados concretos e propostas de ações em defesa dos animais e das plantas para que possamos implantá-las”, observou Alencar.

De acordo com observações dos agentes florestais, o papagaio é uma das aves mais perseguidas. É uma presa fácil porque costuma reproduzir em um mesmo local. Nos últimos três anos, há registro de crescimento das espécies de caititu (porco-do-mato) e de onça, na Estação.

Fonte: Diário do Nordeste

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