terça-feira, 6 de março de 2012

Ilhas de São Pedro e São Paulo são 'fast-food' para tubarões-baleia

Arquipélago atrai espécie ameaçada, que chega a medir até 17 metros.
Projeto de universidade prevê criar plano de conservação no Atlântico.

Eduardo Carvalho Do Globo Natureza, no Arquipélago de São Pedro e São Paulo (o repórter viajou a convite da Marinha do Brasil)
 
 
Um dos projetos científicos desenvolvidos no arquipélago de São Pedro e São Paulo é a observação de exemplares de tubarão-baleia (Rhincodon typus), uma espécie rara e ameaçada de extinção, segundo a lista vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
Desde 1998, quando a estação científica foi inaugurada, estudiosos do Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) passaram a registrar a presença desses animais, que podem medir entre dois metros e 17 metros, por meio do “Projeto Tubarão-baleia”, conduzido pelos cientistas Fábio Hazim e Bruno Macena. A partir de 2008, esses animais passaram a ser monitorados com a ajuda de satélites.
Para isso, rastreadores foram implantados em ao menos dez exemplares, que vão contribuir no mapeamento da espécie na costa brasileira, além de identificar áreas importantes no ciclo de vida de tubarões-baleia jovens e adultos.
Tubarão-baleia é encontrado na região de São Pedro e São Paulo (Foto: Divulgação)Tubarão-baleia é encontrado na região de São Pedro e São Paulo (Foto: Divulgação)
“A presença do tubarão-baleia no arquipélago indica que a espécie utiliza a região como parte de sua rota migratória, local de descanso e, possivelmente, de alimentação. Para manter as ilhas na rota desses peixes, são necessários esforços de conservação em todo o Oceano Atlântico, em razão do seu hábito de migrar por longas distâncias, adentrando diferentes jurisdições geopolíticas”, disse Bruno Macena.
Ainda segundo o pesquisador, esta migração ocorre devido às diferentes fases do seu ciclo de vida, resultante de sua busca por locais adequados para reprodução ou condições ambientais favoráveis para o seu desenvolvimento.
Pesquisador nada com tubarão-baleia nas proximidades de São Pedro e São Paulo (Foto: Divulgação)Pesquisador nada com tubarão-baleia nas proximidades de São Pedro e São Paulo (Foto: Divulgação)
Cardápio rico
O tubarão-baleia se alimenta principalmente de zooplâncton, mas ovos e larvas de peixes e invertebrados, além de lulas, também fazem parte de sua dieta. Tudo isso é encontrado em abundância nesta região brasileira, afirmam os pesquisadores. Tanto que em São Pedro e São Paulo já foram registrados 150 espécimes desde o ano 2000, dos quais dez foram identificados por fotos.
“Pouco sabemos sobre a reprodução da espécie, em particular sobre os locais de parto e berçário. A presença de fêmeas grávidas na área do arquipélago torna a região estrategicamente importante para o estudo dos movimentos migratórios da espécie, a partir do rastreamento via satélite”, complementa Macena.
Ainda segundo ele, essas informações devem gerar dados para subsidiar a criação de um plano de manejo adequado para a conservação da espécie no Oceano Atlântico

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