quarta-feira, 20 de junho de 2012

Certificar a madeira garante sua origem legal e o consumo responsável

Rede internacional FSC é responsável pelas normas de certificação. Para obter o selo, todas as etapas da cadeia produtiva precisam ser certificadas

 
A certificação FSC considera questões socioambientais no manejo florestal (Foto: Divulgação)A certificação FSC considera questões sociais e
ambientais no manejo florestal (Foto: Divulgação)
Para aqueles que desejam adotar uma política de compra responsável em relação às florestas, a dica é procurar produtos certificados. As normas para certificar a madeira e todos os seus derivados - móvel, papel e celulose, dentre outros - são estabelecidas pelo Forest Stewardship Council. “A certificação FSC considera questões sociais e ambientais no manejo”, explica Evelin Fagundes, gestora ambiental do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola - Imaflora.
Para obter a certificação, todos os elos da cadeia produtiva, desde a extração da madeira pela comunidade ou empresa na floresta, passando pela indústria, até o revendedor final do produto, precisam ser certificados. Para a receber a certificação de manejo florestal, a extração na floresta precisa atender aos 10 Principios e Critérios do FSC. Já os outros elos recebem a certificação “Cadeia de Custódia FSC”. Isso garante a rastreabilidade da madeira até o consumidor final.
O processo de certificação é voluntário e feito a partir do momento que a comunidade extrativista, distribuidora, empresa ou revendedor entra em contato com qualquer certificador ou com o FSC Brasil para ter a indicação de um. Posteriormente, a empresa é auditada pelo órgão certificador e, uma vez avaliada positivamente, é recomendada para certificação.
Evelin Fagundes: certificação contribui para manter a floresta em pé (Foto: Divulgação)Evelin Fagundes: a certificação contribui para
manter a floresta em pé (Foto: Divulgação)
As normas de certificação FSC não são fixas, estão sempre mudando e sendo aprimoradas. O fator básico para a avaliação das empresas é que o manejo florestal, além de ser legal, atenda aos critérios sociais e ambientais vigentes. Antes da extração, é feito um inventário da área da floresta e cada árvore que será retirada para fins comerciais é identificada, possibilitando assim a sua rastreabilidade.
O direito ao selo FSC dura cinco anos. São realizados quatro monitoramentos anuais e depois uma recertificação, que inicia o novo ciclo. No entanto, se a empresa tiver alguma conduta fora dos padrões da certificação, pode perder o selo a qualquer momento. Caso haja reclamação ou denúncia a respeito dela, o organismo certificador irá averiguar e poderá realizar uma auditoria extra.
Os organismos de certificação são independentes, mas também precisam ser acreditados pelo FSC para realizarem auditorias. O Imaflora - organização sem fins lucrativos e única certificadora no Brasil – representa no país a Rainforest Alliaence (Aliança da Floresta Tropical, em tradução livre), ONG americana acreditada pelo FSC para ser certificador.
Empresas, ONGs e instituições interessadas em se tornar certificadoras também podem procurar o Forest Stewardship Council, mas precisam atender a requisitos para serem certificadoras. Existe ainda um organismo independente do FSC chamado ASI, responsável por auditar os certificadores para ver se estão fazendo um bom trabalho. Os que não estiverem são suspensos ou excluídos do sistema FSC. “Isso cria um sistema em que os certificadores são sempre avaliados, o que garante a transparência e a credibilidade do processo”, afirma Evelin.
O símbolo do FSC garante o produto certificado (Foto: Divulgação)O símbolo do FSC garante o produto certificado
(Foto: Divulgação)
Além da rastreabilidade, a indústria é avaliada em critérios de saúde e segurança ocupacional no trabalho. “Isso é uma novidade, está valendo desde o final de 2011”, ressalta Evelin. O objetivo é avaliar a situação dos trabalhadores da indústria, que também precisa ser certificada. “Um ponto importante é que uma empresa certificada não precisa ser exclusiva, ela pode ter produtos não certificados e certificados pela FSC, mas deverá manter a rastreabilidade dos mesmos”, completa.
Para identificar um produto certificado FSC, basta ver o símbolo – uma árvore - no produto. Segundo a gestora, o consumo madeireiro no Brasil pode ser de origem na madeira tropical da Amazônia, de floresta nativa, ou de floresta plantada, principalmente de pinos e eucaliptos. Alguns grandes consumidores, como os bancos, passaram a incorporar na sua política de compra o uso exclusivo de produtos certificados.
"Dentre as muitas vantagens da certificação da madeira, a principal delas é o conhecimento da origem florestal do produto. O selo FSC garante que a madeira não é de desmatamento predatório, beneficia os trabalhadores florestais, considera as comunidades ao redor da area, bem como contribui para manter a floresta em pé”, completa a gestora.
O maior consumidor de madeira tropical do Brasil, o estado de São Paulo, utiliza-a principalmente na construção civil. “As empresas desse setor estão começando a olhar para a origem da madeira que eles estão comprando”, observa Evelin. “Muito da madeira de desmatamento da Amazônia chega ao estado e pode entrar na cadeia da construção civil.” A certificação FSC aparece então como uma boa alternativa.

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