sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Cuidar do ambiente que cerca um rio é a principal medida para salvá-lo

 
No meio rural ou urbano, muitos rios sofrem com um processo conhecido como assoreamento, quando sedimentos são depositados em seu leito. Esse fato é resultado da falta de cuidado com ações no solo e no ambiente ao redor desse rio. Portanto, para o biólogo e coordenador do Programa Água para a Vida do WWF Brasil, Samuel Barrêto, mais importante do que combater as consequências é agir nas causas do assoreamento. Apenas dessa forma o assoreamento vai ser reparado e, portanto, o rio recuperado.
Globo Ecologia: Samuel Barreto (Foto: Divulgação)Globo Ecologia: Samuel Barreto (Foto: Divulgação)
Barrêto ressalta que mesmo com o custo alto, em geral se atua apenas na retirada dos sedimentos de dentro do rio. Segundo o biólogo, agir apenas nas consequências não é suficiente, já que o assoreamento é apenas controlado e não se acaba de vez com ele. “Falta um esforço no equilíbrio de intervir na causa e consequência”, destaca.

O assoreamento é causado pelo escoamento superficial da chuva. Assim, sedimentos como areia e terra são levados para o interior do rio.

Segundo Barrêto, o assoreamento é o principal responsável por alterar a dinâmica do rio, o que afeta a quantidade e a qualidade da água dos rios. “Compromete a quantidade de água, não só para o funcionamento dos rios como para outros usos, como o abastecimento de reservatórios de água”, ressalta. Além disso, o biólogo afirma que esse assoreamento vai também destruir o ecossistema de ambientes aquáticos, acabando com o habitat natural.

Em função do desmatamento ou mau uso do solo, a área existente em volta desse curso não absorve o volume de água. Quando a chuva cai nesse terreno aberto, ela faz uma “lavagem” superficial no solo e carrega esse material. Barrêto também aponta para a ocupação das áreas de várzea em florestas. “Isso leva à diminuição do volume das águas e os rios se transformam em míseros canais”, afirma. Nos espaços urbanos, esse assoreamento pode ser observado em canais ou lagoas que são cercados por concreto, por exemplo.

O biólogo defende que as medidas de prevenção devem estar concentradas na utilização do solo, através do reflorestamento, recuperação de lagoas e suas marginais, além da proteção de nascentes. Para Barrêto, as Áreas de Preservação Permanente (APP), inscrita no Código Florestal, são bons exemplos “As APPs servem, entre outras coisas, para manter a estrutura e a dinâmica dos rios. Elas vão reduzir o impacto das chuvas, já que essa água será absorvida pelo solo”, explica.

Em áreas urbanas a falta de cuidado com os rios vai trazer consequências diretas para a cidade. Segundo o biólogo, as medidas de preservação são importantes para evitar enchentes resultantes do assoreamento desses rios, canais e lagoas, que, cheios de sedimentos, têm  maior dificuldade de escoar. Barrêto apresenta, como soluções possíveis, a criação de infraestruturas artificiais, como piscinões para conter a água. “Vamos procurar reproduzir o que a natureza faria”, explica o biólogo.

Para ele, ainda mais importante é promover um equilíbrio entre engenharia, política e educação para que haja conscientização e ação no meio urbano e rural. Segundo o biólogo é importante que o governo ajude com verba pública projetos para recursos hídricos, por exemplo.

“O grande desafio é a compreensão do que significa um manejo adequado do solo, e isso é importante para que recursos hídricos tenham forças para serem reconhecidos e apoiados”, afirma. O biólogo explica que o problema não será resolvido apenas com engenharia e obras, trata-se de uma questão política. “Ações que também trabalhem no sentido da educação, da conscientização”, defende.

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