quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Taiamã, Terra das Onças.

Viagem pelo Rio Paraguai, numa voadeira atolada de equipamentos e alimentos para uma equipe de 7 pessoas. Foto: Adriano Gambarini

DIA 01

A viagem é longa. Começa na madrugada paulista, seguindo de avião até Cuiabá, onde uma caminhonete da equipe da Estação Ecológica de Taiamã nos espera. Seguimos sudoeste, sentido Cáceres, durante duas horas e meia de viagem no conforto do asfalto para então sermos absorvidos em mais duas horas pela poeira da terra seca do cerrado. Chegamos às margens do Rio Paraguai e daí navegamos rio abaixo numa voadeira de alumínio, onde um motor de popa se esganiça para carregar o pesado equipamento. Chegamos na base da Estação, recebidos sem pudor por uma nuvem de mutucas. Mas dizem por ai que a vida é benevolente para os persistentes (ou seria para os loucos?)

Os limites da ESEC Taimã. Clique para navegar

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Enfim, estes são os primeiros momentos desta expedição que pretendo compartilhar com vocês ao longo da semana. Estou documentando a primeira campanha de captura de onça-pintada na Estação Ecológica de Taiamã e entorno, no Mato Grosso, organizado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio). A intenção primordial desta expedição é a captura de onças-pintadas e colocação de radio-colar com GPS, e desta forma dar início a um estudo mais aprofundado sobre o comportamento e área de vida das espécimes que vivem na região.

Conhecidas pelo massificado turismo de pesca, as redondezas da Esec Taiamã ficaram ‘famosas’ nos últimos anos e passaram a receber grande número de visitantes pela facilidade de se observar onças descansando calmamente nos barrancos às margens do Rio Paraguai. Contudo, nada vem de graça quando a ganância predomina nas intenções humanas, e muitos guias de pesca começaram a perigosa atividade de ceva (alimentação artificial).

A caminho da Estação, uma densa fumaça anuncia uma queimada criminosa no entorno. Foto: Adriano Gambarini

Entretanto, onça não é um animal ‘cevável’, e apesar de algumas delas já terem sido observadas pelos analistas ambientais da Esec, com comportamento condicionado à comida fácil, estamos lidando com o maior felino das Américas. Esta perigosa combinação já culminou em tragédias, quando dois acidentes com ataque de onças a humanos ocorreu nos últimos três anos. E é justamente isto que os técnicos do CENAP querem evitar, tentando buscar respostas algumas perguntas. Qual será a tendência comportamental das onças se a ceva e o turismo de observação aumentarem ainda mais? Quais medidas de normatização da atividade turística de observação serão necessárias para um turismo seguro, tanto para a comunidade local como para as onças?

Chegada à Estação; nos cantos escondidos das margens, hordas de mutucas nos aguardam... Foto: Adriano Gambarini

Ao longo da semana compartilharei o maior numero de informações possíveis, alem de uma inevitável adrenalina na atividade que estamos prestes a iniciar. Afinal, capturar onça-pintada envolve riscos e muita, muita concentração nos métodos adotados. E a metodologia usada será da instalação de laços escondidos no foliço das matas. E a montagem destes laços, feitos com cabos de aço, é o que pode ser visto na seqüência de fotos a seguir.

Para finalizar, compartilho a ‘atriz principal’ de todo este aparato de equipamentos e atividades: uma onça fotografada em 2010, em minha primeira viagem à Taiamã. Espero que vocês gostem, divulguem, compartilhem!

Clique nas imagens para ampliá-las

Início da preparação dos laços.

Montagem dos dispositivos de travas dos laços.

Rogério Cunha de Paula, biólogo e técnico do CENAP, trabalha na montagem das travas.

Detalhe dos equipamentos.

Detalhe dos equipamentos.

Frederico Gemesio (Fred), biólogo e responsável pela preparação dos laços.

Frederico Gemesio (Fred), biólogo e responsável pela preparação dos laços.
Atriz principal deste espetáculo que está por vir...

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