Matéria de 24 de 09 de 2011
Charles Clement, Coordenador de Tecnologia eInovação do Inpa (Foto: Divulgação)
Essa queima controlada durante longos períodos produziu o carvão pirogênico, que atua como condicionador físico, químico e biológico do solo, contribuindo para retenção de água, melhoria da biota e controle na dinâmica dos nutrientes do solo. Hoje, a forma como as roças são queimadas pelos chamados caboclos é irregular, fazendo com que o Brasil seja um dos maiores contribuintes para o aquecimento global por desmatamento.
Charles Clement, coordenador de Tecnologia e Inovação do Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA), conta a história dos indígenas na Floresta Amazônica. “Ao redor da reserva, todo o material orgânico usado no quintal da aldeia era queimado. O carvão queimado e o resto do lixo não eram espalhados ao acaso, eram sempre ao redor de plantas medicinais, porque carvão e cinzas são adubos. Conforme a aldeia mantinha seu ritmo diário, o acúmulo desse carvão foi ficando significativo, dando origem à terra preta. Há estudiosos que sugerem que ela cresce um centímetro de profundidade a cada 10 anos. Depois que os índios morreram durante a época colonial, como consequência da escravização, a Amazônia ficou vazia. Quando começou a ser ocupada novamente, os caboclos descobriam que a terra preta era um ótimo lugar para o plantio.”
Terra preta (Foto: Divulgação)“O caboclo hoje desmata uma área, deixa secar por dois meses e, no alto do verão, ateia fogo. Queima tudo o que não é tronco grosso e transforma em cinza. É um fogo muito mais quente, tendo impacto também no solo. O fogo mata os microorganismos que ficam na primeira camada do solo. Ele precisa, então, recuperar os nutrientes desde as profundezas. Ao mesmo tempo, começa a chover e a chuva lava a cinza para dentro do solo. Dos nutrientes contidos na cinza, alguns entram no solo, mas não há os microorganismos para absorvê-los. A queima feita hoje desperdiça a matéria vegetal gradualmente, degradando os solos da Amazônia”, explica Clement
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